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Alunos de Engenharia Sanitária e Ambiental do Campus Vitória debatem crise hídrica e energética

Publicado: Terça, 10 de Março de 2015, 12h34 | Última atualização em Quarta, 17 de Fevereiro de 2016, 15h56

A discussão contou com a presença de professores do Ifes e profissionais do Incaper e da Cesan.

Alunos do curso de Engenharia Sanitária e Ambiental do Campus Vitória do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) lotaram o miniauditório 2 do Campus Vitória na manhã da última sexta-feira (6) para participar de uma discussão sobre a crise hídrica e energética vivida atualmente no Brasil. O objetivo foi apontar ações capazes de solucionar ou atenuar o problema.

Participaram da mesa-redonda a meteorologista do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Thábata Teixeira Brito; o engenheiro da Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan), Nestor Alcides Gorza Junior; e os professores de Engenharia Elétrica do Campus Vitória, Pablo Rodrigues Muniz e Jaques Miranda.

O diretor-geral do campus, Ricardo Paiva, recepcionou os participantes e deixou uma mensagem preocupada com o tema do encontro. “Hoje estamos vivendo uma realidade que já havia sido anunciada há muito tempo por profissionais da área de vocês. Nada foi feito pelos nossos governantes. Hoje a culpa é da falta de chuva. Estamos com um problema na mão. Debatam, alertem o poder público, quem sabe não conseguimos uma forma de resolver”, considerou.

Thábata fez uma apresentação sobre o trabalho desenvolvido na área meteorológica do Incaper, e apresentou dados sobre a precipitação. Além disso, mostrou alguns eventos extremos, como as chuvas de 2013, que duraram um mês todo no Espírito Santo. Sobre 2015, os dados são alarmantes: “Janeiro deste ano foi o mais seco da história, desde que os dados começaram a ser coletados, em 1924. Choveu 10% do que deveria ter chovido. 36 municípios do Estado decretaram estado de emergência”, afirmou.

O engenheiro da Cesan, Nestor Alcides, explicou como funciona a captação de água e como é a situação dos rios no Estado. Para ele, é necessário reavaliar os conceitos e medir os impactos. “Os dois rios que abastecem a Grande Vitória são de bacias irmãs, por isso quando há seca, um atinge o outro. Outro problema é que temos poucas represas para segurar as águas que caem em abundância. Chegou a hora de avaliar os impactos das secas e das represas e ver o que é melhor”.

Ele apresentou alguns projetos da empresa para ajudar a solucionar o problema da falta de água, incluindo a integração dos sistemas. “Este ano o bairro de Jardim da Penha foi abastecido com a água do Rio Jucu. A Cesan também investe em ações para diminuir as perdas. As barragens talvez sejam um mal necessário, precisamos avaliar. Temos propostas de barragens para Guarapari, para o Rio Jucu e um novo projeto para captar água do rio Reis Magos”, explicou. Além disso, Nestor falou sobre o reuso das águas das Estações de Tratamento de Água (ETA) e de Esgoto (ETE): “Vitória será a primeira capital brasileira com 100% do esgoto tratado”.

O professor do Curso de Engenharia Elétrica do Campus Vitória, Pablo Rodrigues Muniz, explicou que no Brasil a crise hídrica está relacionada à crise energética, porque a abundância dos rios fez com que fossem criadas muitas hidrelétricas. E apresentou dados: de 1950 a 1979 foram construídas 57 hidrelétricas no país; entre 1980 e 1999 foram construídas 28; e de 2000 a 2010 não houve construção de hidrelétricas. “Houve aumento de demanda, mas de produção de energia não. Houve a construção emergencial de termelétricas, que operavam um dia por semana, e hoje atuam 24 horas por dia. Precisamos explorar melhor o potencial hidrelétrico da Amazônia e outras fontes de energia, como a eólica e a fotovoltaica. Precisamos reduzir o consumo, reutilizar e reciclar”, apontou.

O professor Jaques Miranda finalizou as apresentações dizendo que as opções precisam ser debatidas, e falou também sobre a crise de energia de 2001. “Projetos fracassam por falta de discussão. Na crise de 2001 o Governo disse a verdade, não houve panelaço, a sociedade entendeu que era um problema de todos. É melhor ter energia cara do que não ter. Precisamos fazer um racionamento. A energia elétrica mais cara é a que você não tem quando precisa”.

Em seguida, foi aberto um espaço para perguntas e os alunos puderam tirar dúvidas e discutir os pontos abordados pelos profissionais.

Confira a Galeria de Imagens do evento.

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