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Palestra sobre ações afirmativas abre o IV Seminário de Estudos Africanos e Afro-brasileiros em Educação

Publicado: Terça, 29 de Agosto de 2017, 17h11 | Última atualização em Quinta, 31 de Agosto de 2017, 14h48

Evento foi realizado no Teatro do Campus Vitória, na segunda-feira (28).

O IV Seminário de Estudos Africanos e Afro-brasileiros em Educação lotou o Teatro do Campus Vitória, na segunda-feira (28). Os alunos de 16 turmas de cursos técnicos integrados ao ensino médio foram chamados para participar do evento, que contou com uma palestra do diretor-executivo da Incubadora Afro Brasileira, Giovanni Harvey, e teve, ao longo do dia, oficinas, exposições e exibição de filme.

A programação teve início às 8 horas com a composição da mesa de honra, da qual fizeram parte o diretor do campus, Ricardo Paiva; o diretor de Ensino, Hudson Côgo; as coordenadoras Jamilda Bento e Dalivia Bulhões, do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) do Campus Vitória; e o coordenador do Centro de Estudos da Cultura Negra (Cecun), Luiz Carlos Oliveira.

Ricardo Paiva recepcionou os alunos e, em sua fala, destacou a necessidade de promover discussões na escola, abordando a intolerância na sociedade. Ele destacou a importância da diversidade e pediu que os jovens não fujam do debate. “Não podemos nos acovardar. Os jovens têm que se posicionar”, reforçou. Hudson Côgo falou aos estudantes sobre a importância do evento e os aspectos legais acerca da divulgação e ensino da cultura afro-brasileira e indígena.

Jamilda Bento, em seu discurso na abertura, relembrou episódios de intolerância e racismo recentes e enfatizou a necessidade de promover a formação de servidores do Ifes e também a informação entre a comunidade acadêmica, para que se possa conhecer e respeitar todas as culturas. Dalivia Bulhões indicou a responsabilidade transdisciplinar pelo ensino da história e da cultura dos povos africanos e indígenas, trazendo para os estudantes também a ciência e a sabedoria desses povos.

Luiz Carlos parabenizou o Neabi do campus e reafirmou a importância desses núcleos nas instituições de ensino e das formações que têm capacidade de promover. Em seguida, a servidora Jamilda fez uma apresentação contando a história “Iemanjá e a criação do mundo”.

Ações afirmativas
O diretor-executivo da Incubadora Afro Brasileira, Giovanni Harvey, que também já foi secretário da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, fez a primeira palestra do evento. Ele foi apresentado pelo professor Antelmo da Silva Júnior. Em sua fala, intitulada “Retrospectiva e Perspectiva da Agenda de Políticas de Ações Afirmativas no Brasil”, Giovanni apresentou a legislação brasileira acerca das ações afirmativas, que considera “robusta”.

Ele levou os alunos a pensarem sobre as reclamações e opiniões manifestadas por quem discorda das políticas de cotas, afirmando que estabelecer tais políticas não é a primeira opção do legislador. Na sua opinião, as instituições deveriam se sentir desconfortáveis de não contar com um contingente expressivo de trabalhadores ou servidores negros, considerando que metade da população brasileira é autodeclarada preta ou parda.

Giovanni assinalou que as cotas não colocam pessoas desqualificadas para as posições pretendidas e que não comprometem a qualidade das instituições. “Não existe correlação entre o desempenho do aluno e sua classificação no vestibular. Ninguém entra em uma repartição e pede para ser atendido pelo servidor que ficou em primeiro lugar no concurso”, exemplificou. E completou, sobre o debate sobre cotas e qualidade: “Não percam tempo com esse tipo de debate. Ele é sem sentido”.
Assim, para ele, as cotas incomodam devido ao racismo estrutural na sociedade brasileira, caracterizada como reacionária e conservadora. “Utiliza-se a titulação de um para desqualificar o outro. Usa-se um direito, que é o acesso à escola, para diferenciar classes”, apontou. Ele classifica a política de cotas em instituições de ensino, por exemplo, como conservadora, pois não questiona o modelo educacional, mas é um simples pedido para acessar a escola.

O palestrante ainda destacou que o Brasil foi o último país do mundo a abolir a escravidão e teve, posteriormente, várias legislações de cunho racista que perpetuaram a discriminação que se tenta combater agora.

 

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