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Mesa-redonda aborda a naturalização da violência contra a mulher

Publicado: Terça, 27 de Março de 2018, 17h44 | Última atualização em Terça, 27 de Março de 2018, 17h44

Debate foi realizado na Reitoria e marcou o encerramento da programação do Mês da Mulher.

Três palestrantes estiveram no miniauditório da Reitoria nesta terça-feira (27) para debater o tema “Violência contra a mulher e assédio sexual”, na mesa-redonda que encerrou a programação do Mês da Mulher na Reitoria do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). O evento foi organizado pela Coordenadoria de Atenção à Saúde do Servidor (Cass) e realizado no miniauditório.

As debatedoras convidadas foram Emilly Marques Tenorio, assistente social do Tribunal de Justiça do Estado; Márcia Rezende de Oliveira, pesquisadora do Ifes; e Lorena Padilha Pereira, psicóloga do Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência (Cramsv). A servidora Ignêz Brigida de Oliveira Pina, da Pró-Reitoria de Ensino (Proen), foi a mediadora.

A tônica das falas das participantes da mesa foi o impacto da naturalização de atitudes violentas contra as mulheres na sociedade. A primeira palestrante foi Emilly Tenorio, que apresentou o tema “Violência(s) conta a(s) mulher(es): o que a educação tem a ver com isso?”. Em sua fala, ela procurou ressaltar que a violência tem diversas faces, mas sua origem é estrutural, ou seja, está ligada à origem da sociedade brasileira, que traz o racismo e o machismo como marcas.

Emilly trouxe dados que apontam, por exemplo, que o Brasil é o quinto país com mais assassinatos de mulheres no mundo; que até 70% das mulheres já foram vítimas de violência por parte de um parceiro íntimo; e que 27% dos homicídios das mulheres no País acontece dentro de casa.

“A violência contra a mulher é um fenômeno multifacetado, naturalizado e legitimado pelo patriarcado”, apontou, lembrando que a construção da relação entre homens e mulheres é historicamente uma de opressão e exploração. Na sua visão, a escola tem papel de não reproduzir esses modelos e de repensar essas relações.

A pesquisadora Márcia de Oliveira também apontou que o questionamento das atitudes cotidianas é um caminho para visibilizar comportamentos violentos. Em sua participação no debate, ela falou sobre o tema “Assédio sexual, ou sobre um corpo que não carrega um ser”, evidenciando como o corpo da mulher é objetificado e visto como público. Para ela, essa percepção tira os direitos da pessoa, como o direito de escolher.

Márcia caracterizou os assédios moral e sexual e afirmou aos presentes que muitas vezes é necessário fazer a genealogia de um determinado valor. “A que damos valor? Quem lucra com determinado valor?”, questionou. Ela trouxe relato anônimo de uma estudante sobre assédio sofrido em aula. “Precisamos educar para prevenir. Precisamos de espaço para as mulheres conversarem sobre isso”, apontou.

Lorena Pereira, do Cramsv, foi a terceira convidada a falar e abordou casos reais recebidos no centro de referência. Para ela, a naturalização de atos violentos também funciona como uma estratégia de sobrevivência para mulheres nessas situações, já que há questões afetivas e de base da socialização feminina que devem ser consideradas.

Ela relembrou que a socialização das mulheres é feita para a organização do lar, geralmente em torno desse “gênero dominante”, o que acaba levando a essa naturalização. Muitas vezes o que é justificado como “brincadeira” ou “ciúmes” esconde a violência psicológica.

Núcleo
O reitor do Ifes, Jadir Pela, encerrou o evento parabenizando a organização e as palestrantes e ressaltando que foi um momento de aprendizado, enriquecedor para todos. Ele também se comprometeu com a criação de um núcleo de estudos de gênero, conforme solicitado por alguns servidores do Ifes, entre eles a pesquisadora Márcia de Oliveira. Segundo ela, já existem grupos semelhantes dos institutos federais de São Paulo e Sul-rio-grandense e há uma discussão de ampliar esse modelo de estrutura para toda a Rede Federal.

Outros eventos
Além da mesa-redonda sobre violência e assédio sexual, o Mês da Mulher na Reitoria contou ainda com eventos nos dias 16 e 21 de março. A primeira atividade foi a exibição do documentário curta-metragem “(C) Elas”, da diretora Gabriela Santos Alves. O filme aborda a maternidade no sistema carcerário brasileiro, mostrando relatos de presas grávidas e que acabaram de ter filhos. A diretora esteve no miniauditório e conversou com os servidores, após a exibição. Veja fotos.

Já no dia 21, foi realizada a mesa-redonda “De qual igualdade falamos?”. Participaram a professora Daniela Aguilar, que é orientadora do grupo de estudos do coletivo IFeminista, do Campus Vitória, e falou sobre o histórico da luta das mulheres por direitos; a professora Eliana Kuster, que apresentou seus estudos sobre violência simbólica contra as mulheres; e o professor Bruno Ramos Gonzaga, co-criador do projeto “Mulheres na Ciência”, que tem o objetivo de incentivar meninas e mulheres a seguirem carreiras nas áreas tecnológicas. Acesse a galeria de imagens do evento.

Confira as fotos da mesa-redonda “Violência contra a mulher e assédio sexual”:

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Mesa-redonda sobre violência e assédio encerra programação do Mês da Mulher na Reitoria Mesa-redonda sobre violência e assédio encerra programação do Mês da Mulher na Reitoria
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Mesa-redonda sobre violência e assédio encerra programação do Mês da Mulher na Reitoria Mesa-redonda sobre violência e assédio encerra programação do Mês da Mulher na Reitoria
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