Professora Maria Ciavatta aborda desafios do atual contexto brasileiro para a educação pública
Palestra marcou aula inaugural do ProfEPT, que recebeu 908 alunos de todo o Brasil nesta segunda (5).
O atual contexto brasileiro e os desafios para as instituições públicas de ensino foram o foco da palestra da professora Maria Ciavatta, da Universidade Federal Fluminense (UFF), que esteve no Ifes – Campus Cariacica nesta segunda-feira (5) para a aula inaugural do Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT). O mestrado teve o ingresso de 908 novos alunos em todo o Brasil, atendidos por 40 polos. A coordenação nacional é do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes).
A aula inaugural foi transmitida pelo YouTube e acompanhada por diversos estudantes. Maria Ciavatta é licenciada em Filosofia e Letras, doutora em Educação e estudiosa da área de trabalho e educação, na qual é uma das referências no País. Ela propôs um olhar crítico sobre a história para a compreensão do presente, destacando que a “história é a produção social da existência”.
Para a pesquisadora, vivemos um presente cujos limites com o passado e o futuro não estão bem definidos. “Vivemos a história de um país no qual ainda não temos a certeza de como recuperar as riquezas naturais da terra, que estão ameaçadas; da biodiversidade, também ameaçada; da diversidade humana e cultural, atacada”, pontuou. “Viemos de uma origem de percalços coloniais, de uma luta incessante pela independência, pela autonomia, pela democracia.”
Entre outras questões graves do presente que têm origem na história, ela listou a disparidade da estrutura tributária do país, que penaliza os mais pobres, e a dificuldade de acesso real à educação, agravada por sucessivos cortes no orçamento da pasta desde 2015. Para ela, o grande desafio é defender a democracia e uma condição social mais igualitária de acesso a todos os serviços públicos, para que não haja um desmonte das conquistas obtidas desde o fim da ditadura militar. “A minha pergunta é: onde está a resistência?”, questionou.
A professora Maria Ciavatta também abordou o trabalho como princípio educativo, definindo-o como “tudo que fazemos para viver”, como o que dá “meios ao ser humano de sobreviver na natureza”. Ela ressaltou que o trabalho tem uma forma criativa e vai além do emprego, que é apenas uma das formas de vínculo laboral. “A grande massa de trabalhadores, para sobreviver, faz o trabalho próprio e vende uma parte de sua força de trabalho em troca de salário”, explicou, ressaltando que é necessário discutir como o trabalho produz a riqueza, a sua relação com o capital.
Abertura e números
A aula inaugural contou com a presença do reitor do Ifes, Jadir Pela; do presidente do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal (Conif), Jerônimo Rodrigues da Silva; do diretor-geral do Campus Cariacica, Lodovico Ortlieb Faria; de Vicente Oliveira, representante do Fórum de pró-reitores de Pesquisa e Pós-Graduação (Forpog); de Denise Rocco de Sena, representante da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapes); e do coordenador-geral do ProfEPT, Rony Cláudio de Oliveira Freitas.
Em suas falas de abertura, os componentes da mesa deram as boas-vindas aos novos alunos e desejaram sucesso nas pesquisas de mestrado. Antes do início da palestra da professora Maria Ciavatta, Rony destacou alguns dados do programa: foram 48.528 inscritos na última seleção; atualmente, há 1.221 estudantes cursando o ProfEPT, aos quais os novos 908 alunos se juntam agora. Mais de 70% dos mestrandos são servidores das redes públicas de educação. O coordenador destacou que as inscrições vêm crescendo ano a ano, e que os candidatos vêm de mais da metade dos municípios brasileiros.
Em 2018, foram produzidos pelo corpo docente e discente 465 artigos publicados em periódicos, 299 livros e aproximadamente 620 participações em anais de eventos. O mestrado também lançou o periódico EPT em Revista, com pré-classificação A4 pela Capes.
Confira o vídeo com a transmissão completa da aula inaugural do ProfEPT:
Veja fotos do evento:
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