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Pesquisadores do Ifes estudam uso ecológico de resíduos industriais para fabricação de materiais de construção

Publicado: Quarta, 04 de Setembro de 2019, 17h56 | Última atualização em Quarta, 04 de Setembro de 2019, 18h57

Grupo do Campus Vitória investiga como inserir pó de vidro e outros resíduos como compostos de cimentos e cerâmicas.

Um grupo de pesquisadores do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) das áreas de Metalurgia e Materiais e Edificações vem trabalhando para identificar o potencial de incorporar resíduos industriais poluentes das indústrias de aço, celulose, vidros, mármore e granito em materiais da construção civil, como cerâmica e cimento.

A pesquisadora Viviana Possamai Della Sagrillo, do Ifes – Campus Vitória, coordena o grupo que vem desenvolvendo trabalhos neste sentido há 10 anos. Eles identificaram os principais tipos de resíduos dos processos industriais em operação no Espírito Santo e passaram a buscar soluções criativas para sua destinação.
Atualmente, existem dois projetos recém-iniciados pelo grupo: um selecionado em edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), para produção de material cimentante; e outro com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), que pesquisa alternativas na composição da cerâmica vermelha, utilizada para fabricar tijolos e lajotas.

O projeto selecionado pelo CNPq, conforme relata a professora, ainda está numa fase bastante preliminar, de estudo teórico, e trabalha com a perspectiva de aproveitar resíduos das indústrias siderúrgica e de celulose. A equipe aguarda o aporte financeiro do CNPq, que ainda não ocorreu, para iniciar os testes.

Já o projeto da cerâmica está na fase de aquisição dos equipamentos a serem usados, como estufa, moldes para produzir as peças e uma prensa para realizar os testes no material. O seu objetivo é inserir na massa argilosa utilizada para fabricação da cerâmica vermelha os seguintes resíduos: pó proveniente do corte e lapidação de vidro comum (denominado sodo-cálcico); resíduo de coqueria; e resíduos do beneficiamento de rochas ornamentais.

A professora Viviana explica que serão feitas várias misturas argilosas com esses resíduos, com concentrações diferentes de cada um. A partir disso, serão fabricados corpos de prova que terão sua resistência mecânica medida e avaliada de acordo com normas técnicas. A ideia é que, desse ponto em diante, seja feita uma parceria com alguma empresa para aplicação em escala semi-industrial.

Segundo ela, uma das suas orientandas no Mestrado em Engenharia Metalúrgica e de Materiais, Lorena Raphael Rodrigues, já obteve resultados promissores em relação à cerâmica vermelha, utilizando um composto a base de resíduo de vidro e celulose que substituiu parte da matéria-prima argilosa (fotos ao final do texto). Outros trabalhos de iniciação científica apontaram o potencial de uso de resíduos siderúrgicos e de celulose para a produção de materiais de construção. “Essas substituições são positivas do ponto de vista ambiental, pois reduziriam a exploração de matérias-primas, bem como a disposição desses resíduos industriais em aterros”, explicou a professora.

A parceria com empresas para o teste em maior escala tem demonstrado ser o maior desafio para os trabalhos tanto do grupo de pesquisa quanto dos alunos do mestrado, relata Viviana, já que a substituição de matérias-primas como areia e argila, que ainda são facilmente encontradas e têm custo mais baixo, parece despertar o interesse de poucos. Entretanto, a pesquisadora ressalta que a reutilização é o futuro.

Além de Viviana, a equipe de pesquisadoras é composta por Alessandra Savazzini dos Reis, Georgia Serafim Araújo, Desilvia Machado Louzada e Carla Therezinha Dalvi Borjaille Alledi.

Veja fotos das provas de cerâmica vermelha com resíduos de vidro e celulose antes e depois da queima:

 

provas vidros celulose

ceramica_queima

 

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Assunto(s): cimento , pesquisa , resíduos , cerâmica
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