Pesquisadores do Campus Serra trabalham para desenvolver cadeira de rodas autônoma
Grupo pesquisa para construir equipamento que dê mais independência a pessoas com restrições de mobilidade.
Pesquisadores do Campus Serra, do Grupo de Automação Industrial (Gain), estão trabalhando para desenvolver uma cadeira de rodas inteligente, que navegue de forma totalmente autônoma e garanta mais independência a quem usa. Os trabalhos começaram em 2016 e envolveram, até o momento, seis estudantes dos cursos de Engenharia de Controle e Automação e do Mestrado em Controle e Automação.
O professor Marco Antonio Cuadros, coordenador da pesquisa, explica que o grupo se interessou pelo tema devido ao desejo de ampliar os conhecimentos teóricos e auxiliar as pessoas com deficiência a ganhar mais autonomia, por meio da robótica assistiva. “Nossa primeira percepção era estudar os problemas da robótica por meio de um caso real. Começamos a trabalhar e achamos esse tema muito interessante. Esse é um projeto que tenta de alguma forma ajudar muita gente que não sai de casa, não faz uma faculdade, por exemplo, por uma limitação de mobilidade. Também estimula os alunos a olharem a sociedade e pensarem nesse tipo de problemática”, explicou.
O estudo, ressalta o professor, já percorreu várias etapas, porém, ainda será bastante longo. “Primeiro compramos a cadeira, aprendemos como funciona, modificamos para tornar automatizável. Então implementamos o hardware, que são os circuitos, placas, parte de comunicação via Wi-Fi”, relembrou. Em seguida, os pesquisadores iniciaram os estudos de algoritmos para o sistema de navegação autônoma, que inclui dispositivos de controle, instrumentação, velocidade e localização.
Os primeiros resultados foram divulgados em 12 produções acadêmico-científicas indiretas e três produções diretas que contribuíram com técnicas para estruturar esse tipo de navegação. Marco Antonio esclarece que não existe nenhum produto assim no mundo. “Existem vários centros de pesquisa tentando fazer isso, mas não há um produto finalizado ainda”, explica. Ele acredita que, para chegar a um protótipo, os pesquisadores do Ifes levarão mais um ou dois anos. Já para um produto finalizado, a jornada seria de seis a sete anos.
Hoje, a cadeira de rodas inteligente já consegue obedecer a programações de sequências de movimentos, o que falta é mais precisão para navegar trechos mais longos. “Precisamos de mais financiamento para adquirir melhores acessórios e refinar os sistemas de controle”, detalha Marco Antonio. “O grande problema é a parte inteligente e de localização. Nos carros autônomos, temos o GPS. Em ambientes internos, o GPS tem sinal inconsistente, então a navegação interna é mais complexa”, explica o professor.
Está em estudo também a parte de identificação e desvio de obstáculos. “Ela deve trafegar junto com as pessoas, então tudo isso torna o trabalho mais complexo.” A ideia do grupo é, ainda, que o dispositivo possa ser comandado por voz, beneficiando as pessoas que não necessariamente conseguiriam controlar os joysticks das cadeiras motorizadas comuns.
Fazem parte do grupo de pesquisa os alunos Pablo France Salarolli (que atualmente faz o seu trabalho de conclusão do curso a respeito da cadeira), Ramon Sousa Alves, Leonardo Batista, Lucas Mantuan e Joabe Ruella, da graduação; e Vinicius da Rocha Motta, do mestrado profissional.
Para Pablo, que está no projeto desde o início, trabalhar com a cadeira de rodas inteligente tem sido muito enriquecedor no aspecto profissional e pessoal. “O curso de engenharia, sem a pesquisa, não seria o mesmo. O nível de exigência é alto, bem desafiador. A gente sente curiosidade e é estimulado a estudar mais, é um mundo à parte. Esses desafios me fizeram crescer em geral, tanto na parte técnica quanto de saber me apresentar em público, por exemplo. A gente fica grato por poder participar de um projeto desse e, quem sabe, futuramente poder falar que trabalhamos na base de um produto que pode mudar a vida de muitas pessoas”, comentou.
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