Cafés e pesquisas de qualidade internacional
Grupo do Campus Venda Nova se destaca com estudos sobre melhoria do café e ajuda a abrir mercado no exterior para os capixabas.
O Laboratório de Análise e Pesquisa em Café, do Campus Venda Nova do Imigrante, vem se tornando um importante ponto de contato entre os produtores do Espírito Santo e o mercado internacional. Por meio do trabalho do grupo vinculado ao laboratório, amostras dos grãos e técnicas que possibilitam obter uma qualidade cada vez maior do produto final têm viajado a locais tão distantes quanto a Rússia e conquistado cada vez mais espaço, possibilitando que o mundo descubra e saboreie os cafés capixabas.
O professor Lucas Louzada Pereira explica que, do campus, estão envolvidos nos trabalhos seis docentes e 15 estudantes, dos cursos de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Administração, Técnico em Administração e Técnico em Agroindústria. Há ainda parcerias com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
São cinco frentes de atuação no projeto denominado “Determinantes da qualidade do café no Espírito Santo”, englobando os seguintes temas com atividades de pesquisa e extensão: fermentação dos grãos, torra, consumo do café, melhoria do café conilon e transferência de tecnologia para agricultores do Espírito Santo.
Em 2018, a iniciativa ficou em primeiro lugar entre aquelas exibidas na Tenda Tecnológica da Reunião dos Dirigentes das Instituições Federais de Educação Profissional e Tecnológica (Reditec). Com isso, foi também apresentada no estande da Rede Federal no Congresso da Federação Mundial de Colleges e Politécnicos (WFCP, na sigla em inglês), realizado em outubro de 2018 em Melbourne, na Austrália.
Professor Lucas e o aluno Luiz Henrique Bozzi Pimenta de Sousa no WFCP 2018, na Austrália.
Dia do café na Rússia
Dentre todas as ações realizadas dentro do projeto, as da área de fermentação têm gerado alguns dos resultados mais expressivos. Lucas conta que, em 2016, eles publicaram um trabalho pioneiro sobre fermentação para melhoria do perfil sensorial do café conilon, processo que foi assimilado pelos produtores Lucas Venturim e Isaac Venturim. Uma primeira amostra desse café foi levada à Russia pelo professor, em 2017.
“Após mais um ano de pesquisa conjunta e validação técnica dos processos, os produtores conseguiram, em 2018, exportar o café para a empresa Hummingbird Coffee, da Rússia, com alto valor agregado: três vezes o preço de mercado”, contou o professor, destacando que isso gerou uma validação tecnológica de um processo desenvolvido pelo Ifes e entregue à sociedade, com impacto no mercado de cafés especiais.
Em 1º de outubro deste ano, Lucas e Isaac Venturim participaram da comemoração do Dia do Café promovida pela Embaixada do Brasil na Rússia, onde foram convidados a falar sobre a importância do cultivo de cafés no Brasil, qualidade e sustentabilidade econômica. Lucas Louzada ressalta que esse momento foi uma realização para todos os envolvidos. “O conhecimento saiu do âmbito do artigo científico, dos muros do campus, e virou riqueza para alguém. Esse é o nosso papel.”
O professor destaca que esses novos processos podem revolucionar o mercado do café conilon e gerar um grande impacto no Espírito Santo como um todo, considerando que o Estado é o maior produtor dessa espécie no Brasil. “Criou-se um mito de que o café conilon é de baixa qualidade ou só poderia compor blends. Mas isso está errado, ele tem muito potencial para qualidade, dependendo do processo de pós-colheita. Isso poderá ser um salto para a produção, e o Ifes está na vanguarda”, explicou.
Além desses resultados com a empresa da Rússia, um outro participante do grupo vinculado ao Laboratório de Análise e Pesquisa em Café também está levando as técnicas para fora do Brasil. O aluno Dério Brioschi Júnior, do curso de Ciência e Tecnologia de Alimentos, está realizando intercâmbio técnico-científico para capacitação profissional e validação de novos processos de fermentação, que são parte do seu trabalho de conclusão de curso. Ficará em Vermont, nos Estados Unidos, até dezembro.
Evento de divulgação de café conilon fermentado na Rússia.
Capacitação de produtores
Uma das partes mais importantes do trabalho, além do desenvolvimento de novas técnicas, é a conscientização e capacitação dos cafeicultores, relata Lucas, para que possam ter um produto cada vez mais valorizado no mercado nacional e internacional. “Temos como meta transferir processos e tecnologias e rotinas para 700 famílias em três anos, porém, conseguimos em 2019 já ofertar capacitação para quase 300 famílias”, contabilizou. A iniciativa tem a parceria do Sicoob.
São produtores não apenas da região serrana, mas de todo o Estado e até de Minas Gerais que têm marcado presença nos cursos. “Às vezes falta uma visão crítica da propriedade. Existe uma cultura, sempre foi feito de um determinado jeito e nunca chegou ninguém pra avaliar ou propor”, conta o professor, sobre o contato com os produtores. Segundo ele, a parte educacional vem para corrigir pequenas imperfeições e pode levar a grandes resultados.
Para difundir ainda mais o trabalho, o grupo está lançando uma série de cartilhas sobre fermentação, que serão entregues para que os cafeicultores possam empregar as tecnologias em suas propriedades. “Serão 12 fascículos, já lançamos o primeiro. É um material de distribuição gratuita”, reforçou.
Eventos de capacitação de produtores de café para transferência de tecnologias.
Veja os nomes dos membros da equipe do Laboratório de Análise e Pesquisa em Café:
Coordenador das ações de Pesquisa e Desenvolvimento – Lucas Louzada Pereira (Ifes)
Coordenador das ações de Extensão – Aldemar Polonini Moreli (Ifes)
Equipe de Apoio e Desenvolvimento Interinstitucional – Wilton Soares Cardoso (Ifes), Emanuelle Maria Catarina de Oliveira (Ifes), Adriane Bernardo Moreira (Ifes), Deusélio Bassini Fiorese (Ifes), Rogério Carvalho Guarçoni (Incaper), Patrícia Fontes Pinheiro (Ufes), Vanessa Moreira Osório (Ufes), Marliane Cássia e Silva (UFV), Maria Catarina Kasuya (UFV), Juarez de Sousa e Silva (UFV).
Alunos bolsistas do Ifes – Alanne Oliveira Carvalho, Alice Dela Costa Caliman, Christiane Filete Altoé, Danieli Grancieri Debona, Dério Brioschi Júnior, Felipe Estevão, Gustavo Falqueto de Oliveira, Isadora Marcarini Mardegan, João Paulo Pereira Marcate, Luiz Henrique Bozzi Pimenta de Sousa, Maria Luiza Falcon, Wilian dos Santos Gomes e Sabrina Mendonça.
Alunos bolsistas da UFV – Edinei Cristiano, Larissa Marcia Anastácio, Marcus Vinícius Pereira Barros, Marliane Cassia da Silva, Thiago Iglesias Machado e Vilian Borchardt Bullergahn.
Aluna bolsista da Ufes – Taís Rizzo Moreira
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