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Núcleos do Ifes debatem sobre diversidade, inclusão, tecnologias e mais na Jornada de Integração

Publicado: Quinta, 11 de Novembro de 2021, 12h10 | Última atualização em Quinta, 12 de Mai de 2022, 16h17

Painel do Napgens, por exemplo, teve ativistas do movimento LGBTI+ falando sobre preconceitos no ambiente escolar.

A programação da V Jornada de Integração do Ifes contou, na quarta-feira (10), com debates promovidos pelos diversos núcleos atuantes no Ifes, sobre temas como educação especial e inclusiva; saúde e meio ambiente; pesquisadores negros e indígenas do Espírito Santo; gênero e inteligência artificial; tecnologias educacionais; nova organização do ensino médio; e cultura.

Os núcleos, além da Assessoria de Relações Internacionais (Arinter) e dos programas Pibid e Residência Pedagógica, receberam convidados, como secretários de Estado, ativistas, docentes de outras instituições do Brasil. Um exemplo foi o Núcleo de Estudo e Pesquisa em Gênero e Sexualidade (Nepgens), que contou com a participação da coordenadora de Ações e Projetos da Associação Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade (Gold), Deborah Sabará; e da presidente do Conselho Estadual LGBT+, Marina Bernabé. O debate foi mediado por Marcia Rezende de Oliveira, diretora do Napgens.

Marina, que também é mestre em Psicologia, trouxe dados sobre a necessidade de falar sobre diversidades na escola, destacando que o Brasil é o país que mais mata a população LGBTI+ no mundo; que a expectativa de vida da população trans é de 35 anos; que o país é o quinto no mundo em feminicídios e o quarto em casamento infantil. Ela lembrou que a escola é um importante local de socialização, de construção de vínculos e de constituição da forma como as pessoas são percebidas no mundo.

“Como as grandes áreas de gênero e sexualidade interferem no que aprendemos?”, questionou a conselheira. “Em uma sociedade binária, tornar-se pessoa significa tornar-se homem ou mulher”, apontou, lembrando que qualquer comportamento que supostamente não se encaixe nos limites leva a consequências. Citando o autor Borilo, Marina concluiu que a “homofobia atinge todas as pessoas, independente da orientação sexual, ainda que em distintos graus e modalidades”, pois há uma vigilância das fronteiras de gênero.

“Não dá pra aprender se está se escondendo, se defendendo, criando narrativas sobre quem é ou deveria ser, se não tem seu nome respeitado, seu corpo respeitado”, falou, a respeito do impacto da LGBTIfobia, que leva ao isolamento, exclusão e afastamento escolar. “Refletir criticamente sobre a própria homofobia é fundamental para poder superar esse problema. É importante para a escola possibilitar a existência de grupos que façam os debates e redes de apoio.”

Deborah, que é uma mulher trans, contou um pouco sobre sua história de vida e o quanto a sua relação com a escola foi difícil, marcada por violência, agressividade e não aceitação. “A gente (população trans) sempre viveu isolado. Muitas vezes da família, do espaço social, das políticas públicas e da escola, que é nossa segunda casa”, falou. “Eu não era respeitada. Era a criança que não presta, que não sabe obedecer, a ‘peste’ da escola. Ninguém entendia que eu era uma pessoa trans. Eu não podia entrar no banheiro, participar de festa junina”, relembrou.

“Como a minha família não me aceitava como pessoa trans, eu achava que a escola ia me receber. Eu me sentia empoderada pra ir pra escola do jeito que eu queria, mas não me deixavam entrar com a roupa que eu queria” contou, destacando que a diferença do comportamento entre os professores avalizava ou coibia mais agressões por parte de colegas.

Para Deborah, ainda que o caminho que resta a ser percorrido seja bastante longo, houve avanços nos últimos anos. “Ver professores, pedagogos, procurarem a Gold pra falar sobre casos de meninas trans e fazer intervenção com os pais… Estou vivendo pra ver isso. Sei que às vezes é muito difícil romper, mas estou feliz que o Espírito Santo vem fazendo muita coisa. Cada um vai fazendo sua parte do jeito que puder, e estamos conquistando algumas coisas”, comemorou.

Para Marina, é necessário um trabalho de ampla sensibilização para avançar ainda mais. “O desafio é como tornar isso um problema da sociedade brasileira, não simplesmente de um grupo social.”

Acesse a plataforma da V Jornada de Integração para assistir à gravação do painel do Nepgens e de todos os núcleos.

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Assunto(s): jornada , painéis , núcleos
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